quinta-feira, 9 de julho de 2009

Autarcas da região querem mais água no Tejo

O baixo caudal do rio Tejo tem tido consequências visíveis na paisagem e também outras implicações. Em Vila Nova da Barquinha, por exemplo, a mancha de areia afecta a prática de canoagem. A captação que abastece o sistema de rega do parque urbano ribeirinho da vila por vezes é obrigada a engolir em seco. A ilha onde se situa o histórico castelo de Almourol vê a condição insular ameaçada pela língua de terra que fica a descoberto quando o caudal é ínfimo.
Essas são questões concretas que levaram a Câmara de Vila Nova da Barquinha a colocar-se na linha da frente da batalha em defesa do rio. O município foi o único do nosso país presente em Junho numa manifestação em Espanha contra os transvases de água do Tejo para outros rios do país vizinho. E a assembleia municipal aprovou uma moção que foi subscrita, dias mais tarde, na íntegra pela assembleia da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), que agrega representantes de 10 concelhos - Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.
A moção “Por um Tejo vivo” denuncia “as descidas abruptas do nível da água”, que se reflectem na deterioração da qualidade da mesma e nas consequências nefastas que podem ter para uma zona onde se apostou fortemente nos últimos anos em infra-estruturas ribeirinhas. Abrantes, Barquinha, Constância e Chamusca são exemplos de municípios onde se investiu no turismo ligado ao rio.
O presidente da Câmara de Constância está solidário com a posição dos seus vizinhos da Barquinha e diz que “é mais que tempo de o Ministério do Ambiente e o Governo acordarem para essa realidade. “Já há muito tempo que se coloca em dúvida se os próprios caudais mínimos negociados estão a ser cumpridos”, afirma António Mendes (CDU), lembrando que também o caudal do Zêzere por vezes é tão diminuto que não permite a descida do rio em canoa desde a barragem do Castelo do Bode até à foz em Constância.
António Mendes considera no entanto que o problema não reside só do outro lado da fronteira. O assoreamento e a poluição são outras questões preocupantes e que têm berço em território português. “Temos de olhar para o Tejo da nascente até à foz”, advoga o autarca, criticando os “planos de bacia que não passam de mera retórica em tempo de campanha eleitoral”.
Sérgio Carrinho, presidente da Câmara da Chamusca, subscreve as críticas e preocupações, embora no seu concelho não existam consequências perniciosas tão evidentes do baixo caudal do Tejo. “Estamos solidários e vamos continuar a acompanhar o assunto”, considerando que se trata de uma questão complexa que envolve negociações entre dois países.
«O Mirante»

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