sábado, 20 de junho de 2009

Charme feminino ao volante dos autocarros da Rodoviária

A primeira passageira a entrar no autocarro que estava para partir da gare de Santarém para Torres Novas não escondeu a surpresa quando viu uma jovem mulher ao volante. “Ah! hoje temos uma condutora”. Ao espanto seguem-se palavras de incentivo dos outros clientes da Rodoviária do Tejo que vão entrando a conta-gotas. “Muito bem, grande mulher”, diz outra mulher. Leonor Lopes, que vai descer na Chamusca, volta a dar pela segunda vez os parabéns à menina da rodoviária, como já é conhecida, depois de a ter elogiado na primeira viagem.
Leonor não tem preferências em relação a quem se senta ao volante, seja mulher ou homem, mas sempre vai dizendo que “muitos senhores não têm a mesma calma dela a conduzir”. Com ar de menina, Maura Martins, 24 anos, reconhece que só tem ganho elogios dos passageiros, mesmo dos homens. E dos colegas tem recebido toda a ajuda na sua ainda curta carreira de motorista de pesados de passageiros. Entrou ao serviço em Dezembro e já teve que mudar um pneu furado de um autocarro. A mecânica não lhe mete medo, até porque conta com a ajuda de uma equipa que está sempre pronta para se deslocar onde existam problemas.
Maura, que reside em Torres Novas, está a cumprir um sonho porque sempre gostou da condução. E está a seguir as pisadas do pai que também trabalha na Rodoviária do Tejo (RT). Na região de Santarém são cinco as mulheres condutoras que vieram trazer um novo estilo à empresa. “As mulheres, pela sua forma de estar na vida, pela sua relação com os outros, têm um estilo diferente que agrada aos clientes”, realça a directora de recursos humanos da empresa, Sónia Ferreira. Para acolher as mulheres, a empresa teve que fazer obras nas gares que não possuíam casas de banho nem vestiários para mulheres.
A RT tem as portas abertas a todas as mulheres que queiram ingressar na profissão. Todas as que aparecerem e que preencham os requisitos da empresa são contratadas, porque a experiência da condução no feminino tem sido boa. As reacções dos clientes têm sido positivas. A primeira mulher a conduzir um autocarro da Rodoviária do Tejo entrou em 2001. A partir daí apareceram mais. Dos 484 motoristas 25 são mulheres e prestam serviço em várias áreas onde a empresa tem concessão. Até há algum tempo esta era uma profissão exclusivamente de homens, até porque, diz Sónia Ferreira, os veículos antigamente eram mais pesados, exigiam mais força física. Actualmente conduzir um autocarro é como conduzir um carro ligeiro, apenas com a diferença das dimensões.
A motorista que está há menos tempo na empresa de transportes públicos entrou em Abril e é licenciada em Turismo. Trabalhava numa agência de viagens e costumava acompanhar os turistas nos autocarros. Entretanto a agência fechou e a condutora experimentou esta nova profissão. Maura Martins garante que até agora ninguém recusou ir no autocarro por estar uma mulher ao volante e confessa que a “experiência tem sido gratificante, mais do que estava à espera”.
«O Mirante»

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