terça-feira, 16 de junho de 2009

Empresária diz-se burlada e alvo de coacção psicológica feita por antiga colaboradora

Uma empresa de Alcanena sente-se lesada por uma ex-funcionária que durante seis meses terá efectuado, através de telemarketing, vendas fictícias na ordem dos nove mil euros para obter as respectivas comissões. Como era uma pessoa que tinha uma grande relação de confiança com os patrões, as comissões eram-lhes pagas adiantadamente. Isabel Oliveira, 59 anos, sócia-gerente da AJUDEF – empresa de apoio e trabalho para deficientes, começou a desconfiar da seriedade da funcionária quando algumas devoluções de facturas chegaram com o argumento de que “ninguém tinha encomendado nada”. A empresa vende artigos decorativos e utilidades domésticas feitos por pessoas portadoras de deficiências, que procedem também ao embalamento de material consumível de escritório e higiene.
A funcionária, de 25 anos, simulou a venda de produtos a empresas e instituições de vários pontos do país, como atestam as notas de encomendas mostradas a O MIRANTE por Isabel Oliveira. As comissões eram-lhe pagas mesmo sem as facturas estarem liquidadas uma vez que mostrava ser uma pessoa de confiança absoluta, tendo inclusivamente convidado o filho da patroa para ser padrinho de baptismo da filha mais nova.
Três dias antes de apresentar o pedido de demissão, a 18 de Março, pediu um adiantamento de mil euros aos patrões. Quando no final do mês se deslocou à empresa para receber o ordenado não chegou a um entendimento. “Queria receber o ordenado por inteiro sem que incluíssemos os mil euros de adiantamento ou as comissões recebidas inadvertidamente”, explica Isabel Oliveira. As devoluções de encomendas continuam a chegar, com a mensagem de que “nada foi encomendado pelo que não há lugar a qualquer liquidação”.
Isabel Oliveira diz que desde há algumas semanas tem ganho contornos uma onda de coacção psicológica sobre si e sua família. “No dia 1 de Abril, uma florista de Alcanena entra-me aqui com uma palma de flores com uma mensagem a dizer Eterna Saudade. Todos os dias recebo chamadas de números anónimos, às mais variadas horas do dia e da noite, e até já mandaram aqui um taxista vir buscar os deficientes quando eu tenho carro”, exemplifica Isabel Oliveira, bastante afectada psicologicamente com esta perseguição psicológica e que, por este motivo, prefere não ser fotografada.
Outro episódio que guarda teve a ver com o desaparecimento do seu carro topo de gama, comprado há pouco mais de um ano. “Foi roubado aqui da porta num domingo e encontrado na terça-feira seguinte em péssimas condições”, reporta.
Neste momento a empresária encontra-se a reunir todas as provas e testemunhas possíveis que possam ajudar a Polícia Judiciária de Leiria a investigar o caso. A advogada da empresa também está a diligenciar o procedimento criminal junto do Ministério Público. Actualmente trabalham na AJUDEF três jovens portadores de deficiência, dois dos quais já estão integrados no quadro da empresa, auferindo o ordenado mínimo.
«O Mirante»

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