quarta-feira, 3 de junho de 2009

Passageiro que escapou à tragédia da queda do avião era para vir visitar o Ribatejo

João Marcelo Calaça, o brasileiro luso-descendente de 37 anos que escapou à tragédia do voo AF 447 da Air France por ter o passaporte caducado, recusa deixar-se abater pela experiência e viaja para a Europa na próxima semana.


"Não tenho receio. Acredito que é um meio de transporte muito seguro, o que aconteceu é uma fatalidade e não se repete com frequência. Não vou deixar que me abata, não vou deixar de fazer nada por causa disso", disse Calaça à Lusa a partir do Rio de Janeiro, de onde deveria ter partido domingo à noite para o aeroporto Charles-de-Gaulle, em Paris.
"Já renovei o passaporte e na semana que vem pretendo viajar, se possível no dia 10 de Junho", afirma.
Advogado, 37 anos, Calaça iria passar 10 dias para tratar de questões burocráticas relativas ao mestrado que está a fazer em Espanha, aproveitando também para fazer férias em Portugal, Itália, França e Alemanha.
"Em Portugal, iria conhecer Lisboa, Porto e Entroncamento, onde residem familiares de amigo meu falecido que considero muito", afirma.
Um seu companheiro de viagem, de nacionalidade norte-americana, também não viajou, para que os dois pudessem partir ao mesmo tempo.
Considerado o único "sobrevivente" lusófono do voo da Air France, que desapareceu dos radares a 290 milhas da costa brasileira, Calaça está a ser procurado por muitos jornalistas da imprensa nacional e internacional para dar entrevistas.
Em cima da hora do voo, resolveu não embarcar quando viu que o seu passaporte estava caducado.
"Eu teria de fazer o check-in às 17:00. Verifiquei o passaporte às 16:00 e vi que estava vencido. Naquele momento fiquei bastante deprimido porque sou advogado, costumo ser bastante rigoroso com prazos, documentos, e não verifiquei uma questão tão importante para a viagem", disse à Lusa.
Calaça já tinha reservado hotéis, viagens de comboio e ligações aéreas entre os diversos países.
"Quando vi, resolvi não viajar, que seria melhor ficar em terra", diz o luso-descendente, especialista em Direito do Trabalho.
O luso-descendente admite que está a sentir-se "estranho", pois muitos dos seus amigos e parentes pensavam que ele estivesse no voo que nunca aterrou no aeroporto internacional em Paris.
"Estou muito triste, coloco-me na posição daqueles que perderam familiares seus que estavam no voo. Vejo o sofrimento, a dor de não ter certeza das pessoas sobre se os seus parentes estavam a bordo".
Apesar de dizer que não acredita em Deus, depois desta experiência afirma acreditar que "existe um poder maior, uma energia superior".
"Mais do que nunca, agora vou procurar a viver mais o momento", garantiu.
»Lusa»

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